Ressonâncias da Mensagem do Graal 1

de Abdrushin


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10. A ferramenta torcida

O maior fardo da alma humana, com o qual ela se carregou e que lhe impedirá qualquer possibilidade de ascensão, é a vaidade! Trouxe desgraça para a Criação inteira. A vaidade tornou-se o mais forte veneno da alma, porque o ser humano acabou por apreciá-la como escudo e manto para todas as suas falhas.

Qual entorpecente, ela ajuda a passar sempre de novo facilmente pelos abalos da alma. Que apenas é ilusão, isso para os seres humanos terrenos não desempenha papel algum, contanto que nisso apenas sintam satisfação e atinjam, com isso, um alvo terreno, mesmo que muitas vezes sejam apenas poucos minutos de ridícula vaidade. Não precisa ser legítima, a aparência basta ao ser humano.

Fala-se dessa vaidade, da presunção, da arrogância espiritual, da alegria maliciosa e de tantas propriedades de todos os seres humanos terrenos de modo benevolente, atenuante, como sendo armadilhas do princípio de Lúcifer. Tudo isso, porém, é apenas uma fraca autodesculpa. Lúcifer nem precisava esforçar-se tanto. Bastava-lhe ter levado os seres humanos ao cultivo unilateral do intelecto terreno, na tentação de se deleitarem com o fruto da “árvore do conhecimento”, portanto, de se entregarem ao prazer do conhecimento. O que sucedeu depois disso, o próprio ser humano o fez.

Como a maior excrescência do intelecto preso à Terra e obtendo predominância, deve ser considerada a vaidade, que traz em seu séqüito tantos males, como a inveja e o ódio, a difamação, a ânsia por prazeres terrenos e bens de toda a espécie. Tudo quanto é feio neste mundo, na verdade, está ancorado na vaidade, que se apresenta de tantas maneiras.

A ânsia pela aparência externa criou a “caricatura de ser humano” hoje predominante! O fantoche, que nem merece ser chamado de “ser humano”, porque em sua vaidade, por causa da aparência, solapou a possibilidade para a indispensável ascensão espiritual, atravancou obstinadamente todos os caminhos naturais de ligação, que lhe foram dados para atuação e amadurecimento de seu espírito e soterrou-os completamente, afrontando a vontade de seu Criador.

Somente o fato de elevar o intelecto, preso à Terra, a ídolo foi o suficiente para mudar todo o caminho do ser humano, que o Criador lhe designou em Sua Criação.

Lúcifer registrou para si o triunfo de a alma do ser humano terreno ter ousado uma intervenção no corpo terreno de matéria grosseira, que tornou totalmente impossível sua atuação desejada na Criação. A fim de aguçar o intelecto, entrou em atividade febril o cultivo unilateral daquela parte do cérebro, que só deve atuar para a matéria grosseira: o cérebro anterior. Por si só, a parte espiritualmente receptiva do cérebro humano ficou dessa maneira reprimida e impedida em sua atividade. Com isso, também era dificultada qualquer compreensãodo espiritual e, no decorrer de milênios, até mesmo um compreender espiritual completamente perdido para o ser humano terreno. Este, pois, encontra-se com isso solitário e imprestável na Criação. Desligado da possibilidade de um reconhecer espiritual e de uma ascensão e, com isso, desligado também de Deus!

Essa é a obra de Lúcifer. Mais, ele não precisava fazer. Podia então deixar o ser humano terreno entregue a si mesmo e vê-lo cair de degrau em degrau, distanciando-se assim cada vez mais de Deus, em conseqüência desse único passo.

Observar isso, pois, não é difícil para as pessoas que se esforçam sinceramente, pelo menos uma vez, em pensar objetivamente. Que a atividade do intelecto também encerra em si um querer saber melhor, a obstinada persistência em tudo, que uma tal atividade considera certo, é facilmente compreensível; pois, com isso, a pessoa “pensou” o que era capaz de pensar. Atingiu seu limite supremo no pensar.

Que esse limite é baixo, devido ao fato de o cérebro anterior estar preso à Terra, que, por isso, o ser humano não pode ir além com o intelecto, ele não consegue saber, e por esse motivo sempre pensará e afirmará haver atingido com seu limite também o certo. Se alguma vez ouvir algo diferente, colocará então sempre em lugar mais elevado aquilo por ele pensado, considerando-o certo. Essa é a característica de cada intelecto e, com isso, de cada criatura humana de intelecto.

Conforme eu já disse uma vez, cabe a uma parte da massa cerebral a tarefa de captar o que é espiritual, como uma antena, ao passo que a outra parte, que produz o intelecto, transforma então o captado para utilização na matéria grosseira. Da mesma forma, em sentido inverso, deve o cérebro anterior, que produz o intelecto, captar da matéria grosseira todas as impressões, transformá-las para a possibilidade de recepção do cérebro posterior, a fim de que as impressões deste possam servir para o desenvolvimento posterior e amadurecimento do espírito. Ambas as partes, porém, devem efetuar trabalho em comum. Assim está nas determinações do Criador.

Como, porém, pela intervenção dos cultivos unilaterais do cérebro anterior, este acabou tornando-se demasiadamente dominante em sua atividade, perturbou assim a harmonia indispensável do trabalho conjunto de ambos os cérebros e, com isso, o atuar sadio na Criação. A parte receptora do espiritual ficou para trás no desenvolvimento, enquanto que o cérebro anterior, em sua atividade cada vez mais aumentada devido ao aprendizado, já há muito não recebe mais as vibrações puras das alturas luminosas através do cérebro posterior para o seu trabalho e para a retransmissão à matéria grosseira, mas absorve o material para sua atividade, na maior parte somente do ambiente material e das formas de pensamentos, para retransmiti-las, transformadas, como produto próprio.

São apenas poucas ainda as criaturas humanas, em quem a parte receptora do cérebro se encontra mais ou menos em colaboração harmoniosa com o cérebro anterior. Essas pessoas sobressaem do costumeiro padrão, destacam-se por grandes inventos ou por impressionante segurança em sua capacidade intuitiva, que permite captar rapidamente muita coisa, a que outras só podem chegar mediante penosos estudos.

São aquelas, das quais se diz, com inveja, que elas “recebem durante o sono”, que constituem a confirmação do dito: “Aos Seus o Senhor presenteia durante o sono!”

Com o “Seus”, entende-se pessoas, que ainda utilizam suas ferramentas de tal maneira, como devem trabalhar segundo a determinação do Criador, portanto, que ainda estão de acordo com a Sua vontade e que, como as virgens prudentes, conservaram em ordem o óleo de suas lâmpadas; pois só essas podem “reconhecer” o noivo quando ele vier. Apenas essas estão realmente “acordadas”. Todas as outras “dormem” em sua auto-restrição, tornaram-se incapazes para o “reconhecer”, porque não mantiveram em ordem as “ferramentas” necessárias para isso. Qual uma lâmpada sem óleo é o cérebro anterior sem a colaboração harmoniosa da parte receptora do espiritual.

Não se deve incluir entre essas, sem mais nem menos, as pessoas dotadas de faculdades mediúnicas. Certamente também nestas a parte receptora do cérebro deve trabalhar mais ou menos bem, contudo, nas pessoas mediúnicas o cérebro anterior, destinado à retransmissão terrena, cansa-se durante a recepção, porque o processo, devido à determinada vontade de alguém do Além, pressiona o cérebro receptor de modo especialmente forte e, por isso, faz-se necessário aí um maior dispêndio de contrapressão deste. Isso subtrai bem naturalmente sangue do cérebro anterior, isto é, calor de movimentação, pelo que este, por sua vez, torna-se inativo parcial ou totalmente. Colabora apenas preguiçosamente ou de maneira nenhuma. Essa subtração de sangue não seria necessária se o cérebro receptor não tivesse sido tão enfraquecido pela opressão.

Eis o motivo porque a retransmissão de um médium pela palavra ou pela escrita não se evidencia moldada à compreensão terrena de tal maneira, como devia ser, caso deva ser compreendida exatamente com noções terrenas e cálculo de espaço e tempo.

Nisso reside também o motivo pelo qual os médiuns tantas vezes divisam acontecimentos que se aproximam da Terra, catástrofes ou algo semelhante, e sobre isso falam ou escrevem, contudo, raramente acertam corretamente a época terrena.

Um médium recebe a impressão fino-material e a retransmite por escrito ou verbalmente, pouco ou nem transformada para a matéria grosseira. Isso deve então acarretar erros para aquelas pessoas, que nisso contam exclusivamente com a matéria grosseira. A impressão fino-material é diferente do efeito grosso-material, que se apresenta depois. Pois na matéria fina os contrastes se mostram mais nítidos, mais substanciais e efetivam-se também correspondentemente. No entanto, acontece com freqüência o fato de médiuns descreverem inalteradamente apenas o que é de matéria fina, porque nisso o cérebro anterior, em sua atividade transformadora, não pode acompanhar e fica inativo. Então, tanto a imagem de um acontecimento como as épocas são diferentes, visto que também os conceitos fino-materiais de tempo são diferentes dos da Terra.

Assim, as descrições e as previsões de uma mesma coisa serão interpretadas de forma diferente por quase cada uma das pessoas mediúnicas, de acordo com a menor ou também maior colaboração possível do seu cérebro anterior, que apenas nos casos mais raros pode proporcionar uma transformação completa para conceitos terrenos.

Quando, contudo, os do Além agora se empenham em restabelecer a ligação entre a matéria fina e a matéria grosseira, interrompida pelos seres humanos terrenos, não deve mais ser tolerada nenhuma exigência e nenhum ridículo querer julgar de ignorantes e de pessoas de intelecto, pelo contrário, esses trabalhos exigem absoluta seriedade, para que seja restabelecido o que por presunçosa vaidade foi estragado.

Outrossim, devem ser excluídos desse trabalho conjunto também todos os fantasistas, fanáticos e místicos, que na realidade são ainda mais nocivos nisso do que as pessoas de intelecto.

Se ambas as partes do cérebro dos seres humanos terrenos pudessem trabalhar juntas, de modo harmonioso, conforme está nas determinações do Criador, as transmissões dos médiuns seriam então dadas em conceitos de tempo adequados à matéria grosseira. Assim, porém, devido à maior ou menor subtração de sangue do cérebro anterior, ocorrem alterações e desfigurações. Para corrigi-las, torna-se necessário um cuidadoso estudo na observação, não merecem, porém, ser ridicularizadas ou até que sejam alegados motivos desonestos, conforme sucede com predileção por parte de pessoas espiritualmente indolentes.

Naturalmente, haverá também nisso, como em todas as coisas, sempre pessoas que, dando-se por entendidas, flutuam nessas coisas com uma sensação de bem-estar e tornam-se assim realmente ridículas, bem como aquelas, que visam pretensões desonestas. Isso, porém, encontra-se por toda parte e não há justificativa alguma para, por essa razão, conspurcar de maneira tão visível a coisa em si, ou aqueles, que sinceramente com isso se ocupam.

Essa conduta de conspurcação de tudo aquilo, que ainda não pode ser compreendido, é, por sua vez, apenas uma expressão de ridícula vaidade, um sinal de irresponsável estupidez, que se alojou entre esses seres humanos. Não existe, aliás, nada de grande, nada de sublime, que no início não tenha sido hostilizado pela humanidade terrena! Mesmo com aquilo, que Cristo Jesus falou outrora, e com ele próprio, não se passou, pois, diferentemente.

Tais zombadores apenas mostram com isso, mui nitidamente, que caminham às cegas pela vida ou então com visível mediocridade.

Olhemos à nossa volta: quem hoje troteia seu caminho, zombando das anunciações e previsões de acontecimentos terríveis, que aumentam por toda parte, que não quer ver que muito daquilo já está se realizando e que de semana para semana avolumam-se as catástrofes naturais, esse é ignorante, ou por algum medo nada quer reconhecer ainda!

São medíocres ou covardes, que não ousam encarar os fatos! Em todos os casos, porém, nocivos.

E aquele, que ainda não quer reconhecer como sendo um sinistro golpe do destino a imensa calamidade econômica que aumenta irresistivelmente em todos os países desta Terra, e a confusão e o desamparo daí decorrentes, só porque ele talvez ainda disponha do suficiente para comer e beber, tal ser humano não merece mais ser chamado de ser humano; pois deve estar corrompido por dentro, embotado perante o sofrimento alheio.

“Tudo isso já aconteceu!” é o seu comentar leviano. Sem dúvida, tudo já aconteceu isoladamente! Mas não nas circunstâncias de hoje, não com esse saber de que hoje se vangloria, não com os recursos de que hoje se pode lançar mão! Essa é uma diferença como o dia e a noite!

Sobretudo, porém, jamais houve os acúmulos dos acontecimentos. Anteriormente, passavam-se anos entre os fenômenos naturais, falava-se e escrevia-se durante meses sobre tais acontecimentos que alvoroçavam todos os povos civilizados, ao passo que hoje já após horas tudo é esquecido na dança e tagarelices cotidianas. É uma diferença, que não se quer ver devido ao medo, o qual se mostra na leviandade! Em um criminoso não querer compreender.

“A humanidade não deve inquietar-se!” é a ordem do dia. Não, porém, por amor à humanidade, pelo contrário, apenas por medo de que as criaturas humanas pudessem apresentar exigências, as quais ninguém mais seria capaz de enfrentar!

Muitas vezes, sim, as tentativas de tranqüilização são toscas, de forma que apenas uma humanidade apática pode ouvir isso silenciosamente em uma insensibilidade como hoje impera. Que isso, porém, é um trabalho hostil contra a excelsa vontade de Deus, ninguém se esforça por reconhecer e dizer.

Deus quer que os seres humanos reconheçam essas advertências que, falando claramente, encontram-se nos acontecimentos em andamento! Eles devem acordar do seu leviano cochilar espiritual, a fim de que, refletindo, tomem ainda em tempo o caminho de volta, antes de se tornar necessário que todo o sofrimento, que atualmente ainda podem ver em seu próximo, tenha de atingi-los também. É revolta contra Deus por parte de todos aqueles, que querem impedir isso mediante pronunciamentos tranqüilizadores!

Infelizmente, porém, a humanidade é susceptível demais a cada palavra, que a dispense da própria atividade do espírito, e de bom grado permite, por isso, que se lhe diga as mais esquisitas coisas, aceita-as credulamente, sim, quer tê-las, até as divulga e defende, somente para não ser despertada de sobressalto de seu sossego e comodismo.

E a querida vaidade dá o seu compasso, é a melhor favorecedora de toda aquela erva daninha que, igual a ela, cresce como fruto do domínio do intelecto hostil a Deus.

A vaidade jamais quer que se reconheça a Verdade, pouco importando onde ela se encontre. O que nisso ela se permite, mostra a atitude dessa humanidade terrena já em relação à existência terrena do Filho de Deus, que em sua verdadeira e grande simplicidade não basta ao vaidoso sentido humano. O fiel quer ter o “seu” Salvador apenas segundo a sua interpretação! Por isso, ornamenta o caminho terreno do Filho de Deus, Cristo Jesus, com acontecimentos imaginados.

Apenas por “humildade” perante tudo o que é divino esse Salvador tem que ser, segundo o sentido humano, como Filho de Deus, também incondicionalmente “sobrenatural”. Não refletem aí que o próprio Deus é a perfeição do natural, e que a Criação desenvolveu-se dessa Sua naturalidade perfeita, através de Sua vontade. Perfeição, porém, também traz em si imutabilidade. Se fosse possível uma exceção nas leis da Criação, que são de acordo com a vontade de Deus, deveria haver nisso uma lacuna, teria faltado perfeição.

A humildade humana, porém, eleva-se acima de tudo isso; pois espera, sim, exige em uma existência terrena do Filho de Deus alterações das leis vigentes na Criação, portanto, violação. Exatamente daquele, pois, que veio para cumprir todas as leis de seu Pai, conforme ele próprio declarou! Espera dele coisas, que têm de ser simplesmente impossíveis segundo as leis da evolução natural. E exatamente com isso deve apresentar-se a sua divindade, o divino, que de modo vivo traz em si a base das leis da natureza!

Sim, a humildade humana é capaz de muita coisa. Mas a sua face autêntica é exigência, e não verdadeira humildade. A máxima arrogância, a pior presunção espiritual! A querida vaidade põe sobre isso apenas um mantozinho, que se assemelha à humildade.

É apenas triste que também tantas vezes pessoas realmente bem-intencionadas, inicialmente com legítima humildade, inconscientemente se excedam em seu entusiasmo até as coisas mais impossíveis, como Lorber pôde vivenciar em tão grande extensão em si próprio e tantos outros com ele.

Surgiram imaginações, cuja transmissão trouxe grandes danos.

Assim, já o menino Jesus teria que ter feito as maiores maravilhas. Até nas brincadeiras mais infantis, que fazia como toda criança, quando sadia e espiritualmente atenta. Os pequenos pássaros que, brincando, plasmava em simples barro, tornavam-se vivos e voavam cantando alegremente pelo ar, e muito mais coisas semelhantes. São processos simplesmente impossíveis, porque contradizem todas as leis de Deus na Criação!

Então Deus-Pai poderia ter colocado Seu Filho já pronto na Terra! Para que era necessária uma mãe humana! Os transtornos do nascimento! Não podem os seres humanos pelo menos uma vez raciocinar de modo simples? Deixam de fazê-lo por vaidade própria. Segundo sua opinião, a passagem terrena do Filho de Deus tem que ser diferente. Eles querem assim, para que “seu” Salvador, “seu” Redentor não estivesse de forma alguma submetido às leis de Deus na Criação. Aliás, isso na realidade, segundo o seu pensar, não teria sido demasiadamente pequeno para ele, o Filho de Deus, mas para todos aqueles, que querem reconhecer nele o seu Redentor! Vaidade humana, e nada mais!

Não raciocinam que para Jesus foi muito mais grandioso ainda o fato de ter se submetido voluntariamente a essas leis através de sua encarnação, somente para trazer a Verdade na Palavra para aquelas criaturas humanas que, injuriando, devido à torção de seu instrumento terreno, tinham se tornado incapazes de ainda assimilar a Verdade por si próprias, de reconhecê-la. Eram demasiadamente vaidosas para verem como cumprida a missão de Cristo na própria Palavra. Para eles, os vaidosos seres humanos, tinha que acontecer algo mais grandioso!

E quando o Filho de Deus sofreu a morte terrena na cruz e morreu, como qualquer pessoa na cruz tem que morrer, por corresponder assim às leis de Deus na Criação, quando o corpo humano não pôde simplesmente descer da cruz, ileso, então, para a vaidade, não restou outra coisa senão a suposição de que o Filho de Deus teve de morrer assim, não quis descer da cruz, para através disso tirar os pecados dos pobres homúnculos, a fim de que estes então fossem recebidos alegremente no reino dos céus!

E assim criou-se o fundamento para a ulterior concepção da necessidade da morte na cruz, o que trouxe o triste e grande engano entre os cristãos de hoje, resultante apenas da vaidade humana.

Se nenhuma pessoa mais quiser chegar ao reconhecimento de que tal pensamento só é capaz de brotar da desavergonhada presunção, para regozijo de Lúcifer, que deu ao ser humano a vaidade para a sua destruição, então, a humanidade também não pode mais ser ajudada e tudo fica em vão, mesmo as maiores e mais fortes advertências da natureza não podem acordá-la do sono espiritual. Por que o ser humano não pensa mais longe!

Se Cristo pudesse ter ressuscitado carnalmente, seria também absolutamente lógico esperar que ele tivesse a possibilidade de também descer de lá a esta Terra já pronto em carne, para onde ele, na ressurreição, teria subido carnalmente. Que isso, porém, não tenha acontecido, que ele, pelo contrário, desde o começo, teve que vivenciar os caminhos como qualquer corpo humano a partir do nascimento, com todas as pequenas e grandes penúrias, fala, juntamente com muitas outras necessidades de sua existência terrena, bem claramente contra isso, sem se considerar que só assim podia ser e não de outro modo, visto que também o Filho de Deus tinha que se adaptar às leis perfeitas de seu Pai na Criação.

Quem quiser chegar até a Criação, até a Terra, está sujeito às leis imutáveis da Criação.

O contrário é imaginação, formada pelo entusiasmo dos próprios seres humanos e depois legada como verdade. O mesmo se deu com todas as tradições, pouco importando se estas tiveram a sua transmissão oral ou por escrito. A vaidade humana desempenha aí um grande papel importante. Raramente sai algo de uma mão humana ou de uma boca humana, mesmo até do cérebro humano, sem que seja adicionada alguma coisa. Anotações de segunda mão jamais constituem provas, nas quais uma posteridade devesse se basear. O ser humano precisa apenas observar bem no presente. Tomemos somente um exemplo, que se tornou conhecido em todo o mundo.

Os jornais de muitos países noticiaram sobre o misterioso “castelo” de Vomperberg, cujo proprietário seria eu! Chamaram-me de “ O Messias do Tirol”, ou também “ O Profeta de Vomperberg”! Com manchetes de grande destaque, até nos maiores jornais, que pretendem ser levados a sério. Havia reportagens de espécie tão estarrecedoramente misteriosa sobre inúmeras passagens subterrâneas, templos, cavaleiros com armaduras negras, bem como de prata, um culto inaudito, também sobre vastos parques, automóveis, cavalariças, e tudo o mais que pertence a um cérebro doentio, capaz de relatar tais coisas. E foram citadas particularidades, às vezes fantasticamente belas, às vezes, contudo, asquerosas de tão inaudita imundície, que cada um, refletindo um pouco, teria logo que ver nisso a mentira, a intenção maldosa. —

E em tudo não havia uma palavra verdadeira!

Mas se daqui a séculos ou, mais fácil, a milênios, uma pessoa vier a ler tal artigo tendencioso... quem poderá condená-la, se quiser acreditar nisso e disser: “Mas aqui está relatado e impresso! Uniformemente, em quase todos os jornais e idiomas!”

E tudo isso nada mais foi do que somente um reflexo dos cérebros corrompidos dessa época! Com suas próprias obras aplicaram a si mesmos os carimbos como prova da perversão. Já para o vindouro Juízo!

Tal se deu, portanto, ainda hoje, apesar dos meios de se conseguir rapidamente e sem esforços uma ratificação antes da publicação! Como deve ter sido então, outrora, na época da existência terrena de Jesus, quando tudo só podia correr de boca em boca! Quão fortemente uma reprodução está, desse modo, sujeita a alterações. Inclusive em escritos e cartas. Avoluma-se qual avalanche. No início, em parte já erroneamente compreendido, surge em tal caminho sempre algo diferente do que foi. Quanta coisa ouvida foi escrita somente por segunda, terceira, décima mão, e que hoje se considera como base. Os seres humanos, contudo, deviam conhecer os seres humanos!

Quando não podem utilizar as estruturas de seu próprio intelecto, como ocorre em cada verdade por causa da grande simplicidade, não é o suficiente para eles. Recusam-na ou modificam-na de um modo que corresponda à querida vaidade.

Por essa razão, prefere-se também o “místico” à Verdade simples. O grande anseio pela “mística”, pelo misterioso, que reside em cada criatura humana, é vaidade, não, porém, anseio pela Verdade, como se procura muitas vezes apresentar. A presunção construiu o caminho insalubre, onde bandos de fanáticos vaidosos podem se deleitar, e tantos indolentes de espírito se deixam comodamente arrastar.

Em todas essas coisas, a vaidade da criatura humana desempenha um papel totalmente devastador e sinistro, que a arrasta ao descalabro, irremediável e tenazmente, porque ela se lhe tornou querida!

Pavor apoderar-se-ia dela, se uma vez pudesse superar-se a si mesma para refletir sobre isso, objetivamente, sem presunção. Mas nisso já existe novamente aquele obstáculo: sem presunção, ela nada consegue! Por conseguinte, certamente terá que permanecer assim para muitas pessoas, até que agora sucumbam nisso!

O fato, em toda a sua tristeza, é o resultado, que o impedimento do desenvolvimento harmonioso do cérebro do corpo terreno, a ele confiado, teve que acarretar em sua conseqüência devido ao pecado original! O torcer da ferramenta necessária nesta matéria grosseira, pelo excessivo cultivo unilateral, vingou-se com isso. Agora o ser humano se encontra, com sua ferramenta de matéria grosseira, seu corpo terreno, de modo desarmonioso na Criação, incapaz para a missão que nela deve cumprir, imprestável por si próprio para isso.

Porém, para extirpar novamente essa raiz de todo o mal, se faz necessária uma intervenção de Deus! Qualquer outra força e poder, por maior que seja, é insuficiente para isso. É a maior e também a mais devastadora contaminação no falso querer da humanidade, que já achou entrada nesta Criação. Tudo, nesta Terra, teria que sucumbir, antes que possa surgir uma melhora nisso, visto que nada existe, que já não esteja irremediavelmente impregnado disso!

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