Existem pessoas, que desculpam muitos de seus erros com o temperamento, inclusive perante si mesmas!
Tal procedimento está errado. Quem assim age mostra que se tornou apenas escravo de si próprio. O ser humano é do espírito, que nesta Criação posterior permanece o autoconsciente mais elevado, e influencia, forma e conduz assim tudo o mais, não importando se isso está em sua vontade plenamente consciente ou se nada sabe disso. O dominar, isto é, o atuar de grande influência na Criação posterior, está ancorado na espécie do espírito, de acordo com as leis da Criação! Por isso, o espírito humano atua correspondentemente nela unicamente através de seu ser, por originar-se do reino espiritual. O temperamento, porém, não deve ser atribuído a esse espírito; pois apenas é gerado por irradiações de determinada espécie da materialidade, tão logo esta esteja totalmente traspassada e vivificada pelo enteal, que movimenta, aquece e forma toda a materialidade. É o sangue, do qual provém a irradiação.
A voz do povo fala, não sem razão, muitas vezes a respeito desta ou daquela característica do ser humano: “Está no sangue dele!” Com isso, deve ser expresso, na maioria dos casos, o “herdado”. Muitas vezes também é assim mesmo, visto ocorrerem hereditariedades de matéria grosseira, ao passo que hereditariedades espirituais são impossíveis. No espiritual, entra em consideração a lei de atração da igual espécie, cujo efeito, exteriormente, traz na vida terrena a aparência de uma hereditariedade e pode, por isso, ser confundido facilmente com ela.
O temperamento, no entanto, provém da matéria e é, por isso, em parte também herdável. Permanece também sempre estreitamente ligado a toda a matéria. A causa disso é a atuação enteal. Um pressentimento a tal respeito encontra-se, também aqui, mais uma vez na voz do povo, cuja sabedoria surgira sempre da intuição natural daquelas pessoas, que ainda se encontravam na Criação de maneira não torcida, simples e com os sentidos sadios. A voz do povo fala de sangue leve, de sangue quente, de sangue pesado, de sangue facilmente irritadiço. Todas essas denominações se referem ao temperamento, com a intuição certa de que o sangue representa nisso o papel de maior relevância. É, na realidade, uma determinada irradiação, que se desenvolve cada vez pela espécie da composição do sangue e em primeira linha provoca, então, uma reação correspondente no cérebro, que a seguir se manifesta fortemente em todo o corpo.
Assim, conforme a composição do sangue, estará predominando sempre uma espécie determinante entre os temperamentos das diferentes pessoas.
Estão ancoradas no sangue sadio de uma pessoa todas as irradiações, as quais o sangue, em geral, pode produzir, com isso, também todos os temperamentos. Falo sempre apenas do corpo terreno sadio; pois doença traz confusão às irradiações.
Com a idade do corpo terreno, modifica-se também a composição do sangue. Com isso, em alterações da idade do sangue sadio ocorre, ao mesmo tempo, também correspondentemente uma modificação do temperamento.
Além da idade do corpo, porém, cooperam ainda outros fatores na alteração do sangue, como o tipo da região e tudo quanto dela faz parte, portanto, o clima, as irradiações astrais, espécies de alimentação e ainda outros mais. Isso age diretamente sobre os temperamentos, porque estes pertencem à materialidade e estão, por isso, também estreitamente ligados a ela.
Diferenciam-se, em geral, quatro temperamentos básicos da criatura humana, segundo os quais são designados também os próprios seres humanos como sangüíneos, melancólicos, coléricos, fleumáticos. Na realidade, contudo, existem sete, com todas as gradações, até doze. Mas os principais são quatro.
Com o estado do sangue bem sadio, estes devem ser divididos em quatro períodos de idade, nos quais cada composição sangüínea se altera. Como primeira, temos a idade infantil, correspondente ao temperamento sangüíneo, à vida despreocupada do momento, em seguida, a idade dos moços ou das moças, correspondente ao temperamento melancólico, ao estado sonhador, saudoso, a seguir, a idade do homem e da mulher, correspondente ao temperamento colérico, da ação, por fim, a idade da velhice, correspondente ao temperamento fleumático da reflexão serena.
Assim é o estado normal e sadio na zona temperada, portanto, não na zona mais extrema.
Quão íntimo tudo isso está ligado à materialidade, atua nela de modo análogo, verificais até mesmo na Terra de matéria grosseira nas estações da primavera, do verão, do outono e do inverno. Na primavera, o despertar impetuoso, no verão, o crescimento sonhador com amadurecimento impulsionador, no outono, a ação das frutas, e, no inverno, o sereno passar para o outro lado, com vivências colhidas para um novo despertar.
Mesmo povos, raças, trazem bem determinadas características de temperamentos comuns. Isto tem sua razão na região da Terra, de onde se originaram e vivem, na respectiva forma de alimentação, que o solo condiciona, na irradiação grosso-material da mesma espécie pelos astros e, não por último, na maturidade espiritual do povo inteiro. Uma população sangüínea ainda se encontra, figuradamente, na idade infantil ou, regredindo no desenvolvimento por qualquer circunstância, reingressou na idade infantil. A esses pertencem não só as alegres criaturas humanas dos mares do sul, mas predominantemente também os latinos. Os melancólicos encontram-se às vésperas de seus verdadeiros feitos, deles fazem parte os alemães e todos os germanos. Eles estão diante de um despertar para a ação!
Por isso, a idade dos moços e das moças é também uma época do temperamento melancólico, porque somente com o desabrochar do espírito na força sexual se estabelece sua ligação sem lacunas com as espécies da Criação, com o que o ser humano entra nesta Criação para a atuação responsável. Inteiramente responsável por cada pensamento, por cada palavra e por cada uma de suas ações; pois todas as vibrações disso, exercendo pressão com plena força, com isso formando, atravessam as planícies das espécies enteais. Dessa maneira, originam-se mundos na Criação posterior segundo aquela espécie, na qual o ser humano gera as suas vibrações.
Se, portanto, uma pessoa é desenfreada no temperamento, cria, com isto, novas formas doentias na Criação, que jamais podem gerar harmonia, mas que devem atuar de modo perturbador sobre tudo o que existe.
Como o espírito humano se encontra no lugar mais alto da Criação posterior, devido à espécie de sua origem, tem com isso não só o poder, mas também o dever de dominar o restante nesta Criação, porque não pode de modo diferente, mas, sim, tem que dominar devido à sua espécie!
Disso ele deve lembrar a todo instante! Ele gera constantemente novas formas desta Criação posterior com cada pensamento individual, cada manifestação de sua alma! Tornai isso uma vez claro a vós, pois vós sois, sim, responsáveis por isso, e tudo pende em vós, seja o que for que formais em vossa existência. O bom vos soergue, o mal tem que vos arrastar para baixo, segundo a lei da gravidade, que se efetiva incondicionalmente, não importando se vós próprios sabeis disso ou se nem vos preocupais com isso. Ela trabalha e age em redor de vós em um constante tecer. Vós sois, sem dúvida, o ponto de saída de tudo quanto deve ser formado, criado nesse tear, contudo, não conseguis retê-lo nem por um momento sequer!
Tornai este quadro pelo menos uma vez nítido para vós. Deve bastar para vos espantar das futilidades, para as quais de bom grado sacrificais, freqüentemente, tanto tempo e energia, deve causar-vos horror diante da maneira leviana com que passastes a vossa vida de até então, e vergonha diante de vosso Criador, que vos deu algo tão grande com isso. Mas vós não atentastes a isso, brincastes com essa força colossal apenas de modo nocivo para a Criação posterior a vós confiada, a qual podeis transformar para vós próprios em paraíso, se finalmente quiserdes!
Ponderai que toda a confusão que vós provocastes no desconhecimento dessas leis divinas tem agora que vos perturbar e esmagar. Que ainda não as conheceis é vossa culpa. É para vós o mais sagrado dever preocupar-vos com isso, porque vós vos encontrais na Criação!
Ao invés disso, o ser humano zombou e escarneceu dos mensageiros, os quais podiam vos mostrar um caminho, que tem de trazer-vos o reconhecimento. No entanto, sem esforço, não se consegue nenhum prêmio, isso é contrário à lei do movimento contínuo na Criação, que faz parte da conservação e da ampliação. Movimento no espírito e do corpo. Tudo o que não se movimenta, ou se movimenta de maneira errada, é expelido, porque só causa distúrbios na vibrante harmonia da Criação; é expulso como partícula doente, que não quer se mover junto ritmicamente.
Já vos falei da necessidade do movimento contínuo como lei.
O espírito tem que dominar, quer queira, quer não queira. De outra forma, não é possível, e assim ele também tem que se esforçar agora para, por fim, plenamente consciente, dominar espiritualmente, se não quiser causar somente desgraça. Dominar conscientemente, porém, poderá somente quando conhecer todas as leis que se encontram na Criação, e orientar-se de acordo com elas. Diferentemente, não é possível. Só então preenche o lugar, que lhe foi dado e que ele nunca poderá mudar, nem deslocar.
Assim, o espírito humano também tem que estar acima dos temperamentos, controlá-los e dominá-los, a fim de que haja harmonia primeiro no próprio corpo, para depois também se estender beneficamente sobre o ambiente mais próximo, o que se efetiva formando de maneira irradiante em toda a Criação posterior!
A pessoa, que aproveita bem todos os quatro temperamentos, sucessivamente, nas épocas a isso necessárias, esta, unicamente, encontra-se realmente firme nesta Criação; pois necessita desses temperamentos para galgar de modo seguro e determinado os degraus de sua vida terrena e para não negligenciar nada daquilo, que é necessário para a maturação de seu espírito.
Temperamentos, bem dominados e bem aproveitados, são como boas botas no caminho através da matéria na Terra! Dai mais atenção a eles do que aconteceu até agora! Não podeis dispensá-los, porém, também não deveis curvar-vos sob eles; pois, senão, tornam-se tiranos, que, em vez de serem úteis, vos atormentam e, além disso, ainda o vosso ambiente!
Contudo, utilizai-os, são para vós os melhores acompanhantes no caminho através da existência terrena. Eles vos são amigos, se vós os dominardes. A criança desenvolve-se melhor quando é sangüínea, por essa razão, isso lhe é destinado pela composição do seu sangue. Este se altera na época do progressivo amadurecimento do corpo e traz consigo, então, o temperamento melancólico.
Esse, por sua vez, é o melhor auxiliador para o período de amadurecimento! Pode dar ao espírito uma orientação rumo à Luz, à pureza e à fidelidade naqueles anos, em que ele é ligado completamente com a Criação e, com isso, interfere liderando em todo o tecer, em todo o atuar, que nisso se encontra em constante movimento. Pode tornar-se assim o maior auxiliador do espírito humano na verdadeira existência, de maneira mais incisiva do que ele agora pode imaginar.
Por isso, deve-se deixar à criança sua alegria natural no momento, que o temperamento sangüíneo lhe dá, ao moço e à moça, outrossim, também aquele sadio estado sonhador, que freqüentemente lhes é peculiar. Quem o destrói, com o fito de converter essas jovens pessoas ao realismo do ambiente, torna-se um salteador do espírito em seu caminho para a Luz! Acautelai-vos de fazer tal coisa; pois todas as conseqüências disso também recairão sobre vós!
Cada homem de ação necessita de temperamento colérico em forma amadurecida! Em forma amadurecida, digo aí bem expressamente; pois o espírito tem que dominar, impreterivelmente, nos anos adultos do homem e da mulher, enobrecer e transfigurar tudo, emitir e espalhar irradiações luminosas para a Criação inteira!
Na velhice, porém, o temperamento fleumático já contribui para desligar o espírito lentamente e cada vez mais do corpo, para abranger, examinando, mais uma vez as vivências de até agora da vida terrena, a fim de tirar delas os ensinamentos como algo próprio e assim, pouco a pouco, preparar-se para o necessário passo para a matéria fina da Criação, o qual dessa forma lhe será facilitado, como um acontecimento bem natural, que só significa progresso em obediência à lei desta Criação, mas nenhuma dor.
Por conseguinte, respeitai e estimulai os temperamentos, onde puderdes, mas sempre só em suas respectivas épocas, contanto que não sejam tiranos devido à maneira desenfreada! Quem quiser alterá-los ou suprimi-los destrói os melhores auxílios para o caminho evolutivo da criatura humana terrena, desejado por Deus, perturba também com isso a saúde, traz confusão, como também abusos não imaginados, que trazem para a humanidade discórdia, inveja, ódio e ira, sim, até roubo e assassínio, porque os temperamentos, na sua época necessária, foram desprezados e destruídos pelo intelecto frio, quando deviam ter sido favorecidos e respeitados!
Eles vos foram dados pela vontade de Deus nas leis da natureza, que são sempre cuidados e conservados para vós pelos enteais, a fim de vos facilitar o caminho do percurso terreno, se o seguirdes no sentido desejado por Deus! Agradecei ao Senhor por isso e tomai alegremente as dádivas, que vos são oferecidas por toda parte na Criação. Esforçai-vos, em finalmente reconhecê-las direito!