Jesus, vindo do divinal, usou com direito essas palavras, porque podia abranger tudo com a vista e era o único que podia esclarecer realmente. A sua mensagem, que não se deixa separar dele próprio, mostra, em meio à confusão das falsas concepções, o caminho claro para cima, para a Luz. Isso significa para todos os espíritos humanos a possibilidade de se soerguerem, ou a ressurreição da matéria em que eles estão mergulhados para o próprio desenvolvimento contínuo. Tal ressurreição é, para cada um, vida!
Ouçam, por favor, com atenção: toda a baixeza e todo o mal, portanto, tudo quanto denominamos de trevas, encontra-se apenas na materialidade, tanto na grosseira como na fina! Quem compreende isso acertadamente, este já lucrou muito com isso.
Logo que o ser humano pensa de modo mau ou baixo, ele se prejudica a si próprio enormemente. A força principal de sua vontade flui então em direção ao que é baixo, como um raio magnético, enviado, e atrai, em virtude do próprio peso, a matéria fina mais densa, por sua vez também mais escura devido à densidade, pelo que o espírito humano, de quem se origina a vontade, é envolvido com essa espécie densa da materialidade. Também quando a índole humana é preponderantemente dirigida apenas para as coisas terrenas, como no encanto de alguma paixão, que não precisa ser apenas imoralidade, jogatina ou bebedeira, mas também pode ser uma acentuada predileção por qualquer coisa terrenal, então um invólucro de matéria fina, mais ou menos denso, fechar-se-á em torno de seu espírito, pelo fenômeno que já mencionei.
Esse invólucro denso, e por isso também escuro, retém o espírito de qualquer possibilidade de escalada e permanece, enquanto esse espírito não alterar o modo de seu querer.
Só o querer sincero e um sério esforço pelo espiritual elevado podem afrouxar semelhante invólucro e por fim soltá-lo totalmente, porque então não recebe mais suprimento de forças de igual espécie, perde aos poucos o apoio e cai por fim dissolvido para, com isso, libertar o espírito para a escalada.
Por matéria fina não deve ser entendido acaso um refinamento dessa matéria grosseira visível, mas é uma espécie totalmente estranha a essa matéria grosseira, de outra constituição, mas que, não obstante, pode ser chamada de materialidade. É uma transição para a entealidade, da qual se origina a alma do animal.
Se, no entanto, os seres humanos permanecem na materialidade, então, de acordo com a natureza da coisa, eles têm de ser arrastados um dia à decomposição de tudo quanto é material, que a ela está sujeito, porque eles, devido ao seu invólucro, não conseguem mais se desligar da materialidade em tempo.
Eles que, por desejo próprio, mergulharam na materialidade para seu desenvolvimento, nela permanecem atados, caso não mantenham o caminho certo! Não conseguem realizar uma re-emersão da mesma, que significa uma ressurreição ao encontro da Luz. — —
Sirva-lhes de explicação mais detalhada, que todo o desenvolvimento de um gérmen espiritual que anseia pela autoconsciência pessoal condiciona o mergulhar na materialidade. Só pelo vivenciar na materialidade ele pode desenvolver-se nesse sentido. Nenhum outro caminho lhe fica aberto para tanto. Mas não será acaso forçado a isso, pelo contrário, acontecerá apenas quando nele despertar o anseio próprio para isso. Seu desejar impulsiona-o então ao encontro do necessário processo evolutivo. Para fora do assim chamado Paraíso do inconsciente e, com isso, também para fora do irresponsável.
Se as criaturas humanas na materialidade, por causa de desejos errôneos, perderem o caminho certo que conduz novamente para cima, de volta para a Luz, permanecerão vagando na materialidade.
Agora tentem uma vez olhar para os fenômenos na matéria grosseira. Para o formar e o decompor em seu ambiente mais próximo e visível.
Podem observar no germinar, crescer, amadurecer e decompor o formar-se, portanto, a ligação dos elementos básicos, o amadurecer e o retornar novamente para os elementos básicos mediante desagregação, isto é, pela desintegração do que é formado na decomposição. Podem ver isso nitidamente na água, também nas pedras pela assim chamada erosão, nas plantas e nos corpos animais e humanos. Contudo, como aqui nas coisas pequenas, assim também ocorre exatamente nas coisas grandes e, por fim, de modo igual, em todo fenômeno universal. Não somente na matéria grosseira, que é visível ao ser humano terreno, mas também na matéria fina, no assim chamado Além, que, no entanto, ainda nada tem a ver com o Paraíso. — —
Toda a materialidade pende, qual enorme grinalda, como a parte mais baixa da Criação, e move-se em um círculo enorme, cujo percurso abrange muitos milhões de anos. Portanto, no fenômeno da grande Criação, tudo gira não só em redor de si mesmo, mas, além disso, o todo se move irresistivelmente e de forma especial ainda em um circular gigantesco. Assim como esse grande percurso resultou da primeira ligação até a perfeição atual, da mesma forma segue adiante, sem interrupção, até começar e a efetuar-se a decomposição, retornando à matéria original. O circular, então, prossegue mesmo assim tranqüilamente também com essa matéria original para, na nova ligação que então se segue, formar outra vez novas partes do Universo, as quais trazem em si energias virginais intatas.
Assim é o grande processo que se repete eternamente, tanto nas coisas mínimas como também nas máximas. E acima desse circular está, firme, a primeira Criação puramente espiritual, o assim chamado Paraíso. Este, ao contrário da materialidade formada, não está sujeito à decomposição.
Nesse puro espiritual eterno, que se acha resplandecente acima do circular, encontra-se o ponto de partida do gérmen espiritual inconsciente do ser humano. É também o espiritual que constitui novamente a meta final para o espírito humano, que na materialidade se tornou consciente de si e com isso também pessoal. Sai como gérmen inconsciente e irresponsável. Retorna como personalidade própria e consciente, e com isso também responsável, se... não se perder no seu caminho necessário através da materialidade e por isso ficar preso nela, mas sim festejar a ressurreição dela como espírito humano tornado plenamente consciente. É o alegre re-emergir da materialidade, ao encontro dessa parte luminosa e eterna da Criação.
Enquanto o espírito humano se encontra, pois, na matéria, participa com ela de uma parte do eterno grande circular, evidentemente, sem que ele próprio o perceba. E assim ele também chega finalmente um dia àquele limite em que a parte do Universo, onde ele se encontra, vai lentamente ao encontro da decomposição. Então, porém, será o último momento para todos os espíritos humanos que ainda se encontram na materialidade, para que se apressem em tornar-se de tal modo, que possam escalar o porto seguro e luminoso do reino eterno, isto é, encontrar o caminho certo e acima de tudo também o mais curto, a fim de sair do alcance dos perigos que se iniciam na materialidade, antes que estes os possam agarrar.
Se não o conseguir, tornar-se-á para ele cada vez mais difícil e por fim tarde demais!
Ele será então arrastado, com tudo o mais, para a decomposição lenta, sendo aí destruído o “eu” pessoal por ele adquirido. Sob mil tormentos transformar-se-á com isso novamente na semente espiritual inconsciente. O mais horrível que pode suceder a um espírito que tenha se tornado pessoalmente consciente.
São todos aqueles que desenvolveram sua personalidade em um rumo errado. Eles têm de perdê-la por isso de novo, por ser inútil e nociva. Note-se bem, decomposição não significa acaso destruição. Nada pode ser destruído. É apenas uma retrogradação ao estado primitivo. Destruído será, nos assim perdidos, o “eu” pessoal até agora adquirido, o que ocorre sob os maiores tormentos.
Tais perdidos ou condenados deixam de ser com isso espíritos humanos prontos, ao passo que os outros puderam entrar como espíritos autoconscientes no reino eterno da alegria e da Luz, usufruindo conscientemente todo aquele esplendor. —
Assim como uma lavoura de trigo, após uma série de anos, produz espigas cada vez piores, e somente recebe novas forças pela mudança das semeaduras, diferente não é em toda a materialidade. Também esta fica gasta um dia e deve receber força nova através da decomposição e nova ligação. Tal processo, contudo, requer milhões de anos. No entanto, também no processo de muitos milhões de anos, chega uma vez um determinado ano como limitação decisiva para uma separação necessária de tudo quanto é útil do que é inútil.
E essa época é agora atingida por nós no grande movimento circular. O espírito humano que se encontra na materialidade tem que se decidir finalmente pela ascensão, ou a materialidade o mantém agarrado para a decomposição vindoura... que é a condenação eterna, de onde nunca mais será possível uma ressurreição espiritual de modo pessoal e autoconsciente e uma ascensão para a luminosa e eterna parte da Criação, que paira acima de tal decomposição. —
No desenvolvimento natural do todo, desde muito já foi tirada qualquer possibilidade de os germens espirituais que anseiam pela conscientização poderem encarnar-se neste plano terreno superamadurecido, pois levariam demasiado tempo para sair ainda a tempo desta materialidade como espíritos conscientes de si próprios. Em fenômeno natural, o curso dos germens espirituais só encontra aquelas partes do Universo que nisso têm uma espécie igual, onde as necessidades de desenvolvimento requerem exatamente o mesmo tempo que um gérmen espiritual precisa para o pleno desenvolvimento, mesmo nos casos mais demorados. Somente espécie igual do degrau de desenvolvimento dá caminho livre ao gérmen espiritual, ao passo que um amadurecimento mais adiantado de uma parte do Universo estabelece barreiras totalmente inacessíveis aos germens espirituais imaturos. Também nisso fica de todo impossível a censura de uma injustiça e de uma falha. Cada espírito humano pode, por conseguinte, com o amadurecimento máximo do ambiente material, no qual se move, estar concomitantemente amadurecido naquele limite onde se encontra agora aquela parte da materialidade que presentemente habitamos.
Não há um sequer, que não pudesse estar maduro! A desigualdade entre os seres humanos é apenas a conseqüência necessária da sua própria vontade livre. Entra agora a materialidade, devido ao superamadurecimento, em decomposição, indo com isso, concomitantemente, ao encontro de seu renascimento.
Para a seara dos espíritos humanos chega, porém, a ceifa, a colheita, e com isso a separação. O que estiver maduro será elevado para a Luz pelos efeitos de leis naturais que permitem que seja tirado pouco a pouco o invólucro de matéria fina, a fim de que o espírito liberto disso se eleve conscientemente ao reino da igual espécie, de tudo quanto é eterno-espiritual. O que não prestar, porém, será retido na materialidade, devido à densidade de seu corpo de matéria fina, por ele próprio desejada. O destino desses é então tal que seu corpo de matéria fina fica sujeito às alterações que se iniciam na materialidade, devendo nela sofrer dolorosíssima decomposição milenar. A amplitude de tal tormento estende-se por fim ao espírito humano de tal modo, que este perde a autoconsciência. Desintegra-se com isso, por sua vez também, a forma da imagem de Deus, a forma humana, adquirida através da consciência. Após a desintegração total do que é material, retornando à matéria original, torna-se outra vez livre a partícula espiritual agora inconsciente e se eleva de acordo com a sua espécie. Contudo, não volta como espírito humano consciente, mas como semente inconsciente, que um dia reiniciará todo o seu percurso em uma nova parte do Universo, devido a um novo anseio que desperta.
Olhando desse alto mirante, portanto, de cima para baixo, Cristo, como sempre, escolheu suas palavras de tal modo e, com isso, descreveu um processo absolutamente natural no ressurgir da materialidade, na qual a semente espiritual mergulhou.
Imaginem apenas uma vez encontrando-se acima da materialidade.
Abaixo de vós jaz estendida, qual um campo de cultivo, a materialidade geral em suas muitas espécies. Vindos de cima, os germens espirituais descem agora à materialidade. Pouco a pouco, depois de longo tempo, emergem daí, com muitos intervalos, espíritos humanos completos, que se tornaram autoconscientes no vivenciar na matéria e com o impulso para esforçar-se para cima, podem deixar para trás tudo quanto é material. Estes festejam com isso ressurreição da materialidade!
Mas nem todos os germens reaparecem amadurecidos na superfície. Vários destes ficam para trás, devendo perecer inúteis nela. —
Tudo é exatamente assim como em uma lavoura de trigo.
Como no grão de trigo todo o misterioso verdadeiro desenvolvimento se processa dentro da terra para isso necessária, assim em um gérmen espiritual o principal desenvolvimento se processa dentro da materialidade em geral. —
Cristo, por meio de cada uma de suas frases, esclarece sempre figuradamente algum fenômeno natural na Criação. — —
Se, pois, disse: Ninguém chega ao Pai a não ser através da minha mensagem, ou através da minha palavra, ou através de mim, é o mesmo. Quer dizer tanto, como: “Ninguém acha o caminho, a não ser através daquilo que digo”. Um significa o mesmo que o outro. Da mesma forma, quando diz: “Trago-vos em minha mensagem a possibilidade de ressurreição da materialidade e, com isso, também a vida” ou “Eu, com a minha palavra, sou para vós a ressurreição e a vida”.
Os seres humanos devem compreender o sentido, mas não se confundir sempre de novo com palavreado inútil. — — —