Muitas pessoas, que assimilaram muito bem a minha Mensagem, ainda não estão, apesar disso, suficientemente esclarecidas a respeito da expressão “alma”! Mas é indispensável que também reine clareza a esse respeito.
Exatamente sobre a alma a humanidade sempre falou demasiadamente, e assim formou uma imagem comum que, em sua superficialidade, se transformou num conceito genérico, que nada traz em si.
Quando se profere a palavra alma surge diante dos seres humanos uma pintura desbotada e gasta. Descorada e vazia, passa por eles sem nada dizer. Nada pode dizer à pessoa individualmente, porque foi usada de modo excessivo.
Contudo, exatamente pelo fato de que ela nada mais pode dizer, dela se apoderaram de bom grado aqueles seres humanos, que, com vazia eloqüência, querem fazer brilhar sua luz ilusória sobre campos que não puderam ser abertos ao saber humano, porque a criatura humana de hoje se conserva fechada diante disso.
Também fazem parte deles aqueles seres humanos que afirmam ocupar-se seriamente com isso. Conservam-se fechados devido à sua falsa vontade de procurar, que não é uma procura, porque iniciam tais trabalhos com opiniões preconcebidas e demasiadamente delimitadas, as quais querem comprimir na concepção do raciocínio preso à Terra, que jamais pode obter a possibilidade de assimilar por si algo disso.
Dai a um olho presbita uma lente que tenha sido lapidada para miopia... vereis que aquele olho nada pode distinguir com ela.
Não diferentemente se passa com esses que procuram, pois tentam executar suas atividades partindo de princípios errados. Se aí, aliás, algo possa ser encontrado, aparecerá apenas borrado e desfigurado, de qualquer forma não como corresponde aos fatos.
E no desconhecido, aparentemente turvado e parecendo sempre distorcido, devido aos meios auxiliares insuficientes, foi também empurrada a expressão “alma”, mas de tal maneira, como se houvesse a esse respeito um firme saber.
Houve essa ousadia porque cada um dizia a si próprio que não existiria ninguém que pudesse contestar tal afirmativa.
Mas tudo isso se arraigou tão firmemente, que agora ninguém quer abandonar, porque aquela imagem inconsistente e sem delimitação se mostra sempre de novo com a palavra alma.
Pensa aí o ser humano, certamente, que ao se deixar uma imagem o mais abrangente possível, não se pode errar tão facilmente, do que quando os limites são firmemente traçados.
Aquilo que é muito abrangente, porém, ao mesmo tempo nada expressa de determinado, é indistinguível, senão inconsistente e turvo, como no presente caso. Nada vos dá, porque não é propriamente o certo.
Por esse motivo quero expressar mais uma vez com palavras claras o que a alma realmente é, a fim de que, finalmente, vejais aí bem claramente e não continueis a utilizar, de modo tão inconsistente, expressões cujo verdadeiro sentido nem conheceis.
Que tanto se tenha falado sobre a alma decorre também do fato de o espírito do ser humano não ter se movimentado suficientemente, para mostrar que ele também existe.
Que se tenha falado sempre apenas da alma e imaginado preferencialmente o espírito como um produto do raciocínio preso à Terra, foi de fato o melhor e mais eloqüente testemunho do real e triste estado de todos os seres humanos na época atual!
A alma foi considerada como o mais profundo, como o mais íntimo; mais além não se ia, porque o espírito realmente dorme ou é demasiadamente fraco e indolente para poder se fazer notar como tal. Por isso representava com aparente direito o papel secundário. Ele, o espírito, que propriamente é tudo e também o único que realmente vive no ser humano ou, melhor dito, que devia viver, mas infelizmente dorme.
Que o espírito tivesse que se satisfazer com um papel secundário depreende-se bem nitidamente das muitas denominações conhecidas. Sob espíritos entende-se, por exemplo, em primeira linha, os fantasmas; diz-se que “fazem assombrações” por aí.
Por toda a parte onde na voz do povo é utilizada a expressão “espírito”, sempre se associa algo que, ou não é bem-vindo e se gostaria de evitar, ou é algo duvidoso, não bem limpo ou até malévolo, em suma, que se mostra e efetiva de maneira inferior. A não ser que a expressão “espírito” seja relacionada com o raciocínio
Nesses casos, quando a expressão é relacionada com o raciocínio, encontra-se aí até uma espécie de respeito. Tão torcido é o querer saber nesses domínios. Precisais apenas refletir na interpretação, segundo os conceitos atuais, das duas expressões:
Espiritualizado e cheio d’alma!
Sem refletir, colocareis também aqui, segundo o velho costume, a expressão “espiritualizado” mais perto da atuação terrena, e, na verdade, da atividade masculina, particularmente do saber intelectual; e a expressão “cheio d’alma” senti-la-eis mais feminina, mais elevada e ao mesmo tempo, porém, também mais confusa, difícil de ser articulada em palavras, sendo menos terrena. Portanto, com outras palavras: mais interiorizada, porém incerta, isto é, sem limites fixos, extraterrenal. Experimentai apenas, e já encontrareis a confirmação dentro de vós!
Esses são os frutos das concepções tão erradas de até agora dos seres humanos, que tinham de acarretar conceitos errados, porque a ligação do espírito com a pátria espiritual foi cortada, e com isso também os suprimentos de força provenientes da Luz!
Sim, ele teve de fenecer e também cair no esquecimento, porque permaneceu aqui na Terra enclausurado nos corpos e assim tinham, evidentemente, de se alterar todas as concepções de modo correspondente.
Uma pessoa que desaparece por toda sua vida na prisão logo é esquecida pelo público, enquanto que todos os que não conviveram com ela diretamente nada sabem a seu respeito.
Diferente não é com o espírito durante o tempo de sua prisão na Terra!
Através da Mensagem, porém, já sabeis que tão-somente esse espírito faz do ser humano um ser humano, que o ser humano apenas através dele pode se tornar ser humano!
Isso, por sua vez, vos dá a prova de que hoje todas as criaturas terrenas que mantêm preso o espírito também não podem ser consideradas pela Luz como seres humanos!
O animal nada tem do espírito, por isso também nunca pode tornar-se ser humano. E o ser humano que enterra o seu espírito, impedindo-o de atuar, exatamente aquilo que o torna um ser humano, ele, na realidade, não é um ser humano!
Aqui chegamos ao fato que ainda não tem sido suficientemente observado: eu digo que o espírito cunha o ser humano, tornando-o um ser humano. Na expressão “tornar ser humano” encontra-se a indicação de que somente em sua atuação o espírito transforma a criatura em ser humano!
Não basta, portanto, somente trazer dentro de si o espírito para ser um ser humano, mas sim uma criatura só se torna ser humano, quando deixa atuar dentro de si o espírito como tal!
Tomai isso hoje como base para a vossa existência terrena! Transformai isso no conceito básico para a vida futura aqui na Terra! Fora da matéria grosseira isso se mostrará então por si mesmo, tão logo não mais tiverdes vosso corpo terreno.
Quem, porém, deixa o seu espírito atuar dentro de si como tal, esse também nunca poderá deixar ressurgir o que é das trevas, tampouco se deixaria agarrar pelas trevas.
Foi-vos permitido reconhecer e também tendes de ver o fim para onde tudo leva, quando o espírito nos seres humanos não pode chegar à atuação, por estar amordaçado e afastado de todo e qualquer suprimento de força proveniente da sacrossanta Luz de Deus!
Como pela Luz é considerado como ser humano apenas aquele que deixa atuar dentro de si o espírito, assim também deverá ser futuramente aqui nesta Terra! Essa é a base para a ascensão e para a paz!
Pois quem deixa o espírito chegar à atuação dentro de si, só pode seguir o caminho para a Luz, que cada vez mais o enobrece e o eleva, de modo que, por fim, difunde bênçãos ao seu redor, onde quer que chegue.
Quero agora, mais uma vez, dizer o que é a alma, a fim de que deixeis cair todas as antigas concepções e, no futuro, tenhais nisso um firme apoio.
O melhor é se disserdes primeiramente a vós próprios que o espírito torna o ser humano um ser humano perante as criaturas de matéria grosseira na Terra.
Do mesmo modo, porém, e com razão, podemos declarar que o espírito é o próprio ser humano, que tem de desenvolver-se em diversos invólucros, desde o germe até a perfeição, porque traz constantemente dentro de si o impulso para isso.
O ponto mais afastado do seu desenvolvimento, que também é aquele ponto mais distante da Luz, onde o espírito sob a pressão do invólucro mais pesado, mais denso, tem de desenvolver sua própria vontade com a máxima intensidade, podendo e devendo com isso chegar também ao incandescimento, a fim de então poder subir de novo para mais perto da Luz, é, em Éfeso, a matéria grosseira desta Terra.
Devido a isso a estada na Terra torna-se o ponto decisivo de todas as peregrinações! É, portanto, de importância toda especial.
E exatamente na Terra, devido à vontade errada, o espírito foi algemado e emuralhado pelos próprios seres humanos, sob a influência das trevas rastejantes, de modo que ele, naquele lugar onde devia chegar ao máximo incandescimento mediante atividade mais viva e mais forte, foi de antemão obrigado à inatividade, o que acarretou o falhar da humanidade.
E por isso é que também nesse ponto decisivo, tão importante para o espírito humano, a atividade das trevas é a mais viva, e por isso será aqui travada a luta, cujo fim tem de causar a total derrota e destruição das trevas, se ainda uma vez deva ser dada ajuda à humanidade terrena, para que não sucumba totalmente.
A atividade das trevas foi, portanto, sempre mais ativa aqui na Terra, porque aqui é o ponto decisivo da peregrinação do espírito humano, e porque, em segundo lugar, exatamente aqui as trevas se tornaram capazes de intervir de modo mais imediato, visto que aqui o ser humano se encontra mais distante do ponto de partida da força auxiliadora proveniente da Luz, podendo, por isso, tornar-se mais facilmente acessível a outras influências.
Não obstante, isso não é nenhuma desculpa para o decadente espírito humano, pois este precisaria apenas querer em sincera prece, a fim de conseguir imediatamente uma ligação pura com a força da Luz. Além disso, também o corpo de matéria grosseira, devido à sua densidade, é uma proteção toda especial contra influências de espécie diferente daquelas que ele próprio procura atrair através de seus desejos.
Tudo isso, porém, já vos é conhecido através da Mensagem, se o quiserdes encontrar nela.
Imaginai, portanto, o espírito como sendo a legítima espécie humana, o qual, como núcleo, veste vários invólucros para fins de evolução e desenvolvimento da própria força, que tem de aumentar até a mais alta prova de resistência por intermédio do corpo de matéria grosseira, a fim de poder chegar ao vitorioso aperfeiçoamento.
Ao mesmo tempo, porém, essas provas de resistência cada vez mais crescentes são, reciprocamente, também os beneficiadores degraus de desenvolvimento, e a Terra, dessa forma, o extremo plano decisivo.
Digamos, portanto, calmamente, o espírito é o próprio ser humano, todo o restante são apenas invólucros, mediante os quais ele se fortalece e, com a crescente obrigação de se movimentar, incandesce cada vez mais.
A incandescência que o espírito adquire dessa forma não se apaga quando deixa os invólucros, mas ela conduz o espírito, elevando-o para o alto, para o reino espiritual.
Pois exatamente na obrigação de se movimentar, sob o peso de seus invólucros, ele tornou-se por fim tão forte, que pode então suportar conscientemente a pressão mais forte no reino espiritual, o que não conseguia como germe espiritual.
Esse é o curso de seu desenvolvimento, que se processou por causa do espírito. Os próprios invólucros devem ser considerados nisso apenas como meio para o fim.
Por isso também nada se altera, quando o ser humano terreno deixa o corpo de matéria grosseira. É, então, ainda o mesmo ser humano, apenas sem invólucro de matéria grosseira, com o qual fica também o assim chamado manto astral, que foi necessário para a formação do corpo terreno de matéria grosseira, e o qual se origina da matéria grosseira mediana.
Tão logo o pesado corpo terreno estiver desprendido junto com o corpo astral, o espírito continua envolto apenas com os invólucros mais delicados. Nesse estado o espírito é então chamado “alma”, para diferenciação do ser humano terreno em carne e sangue!
Na progressiva ascensão o ser humano também abandona, pouco a pouco, todos os invólucros, até que por fim conserva apenas o corpo espiritual, com um invólucro espiritual, e assim entra como espírito sem invólucros de outras espécies no reino do espírito.
Isso é um acontecimento evidente, visto que então mais nenhum invólucro estranho é capaz de retê-lo, e, por isso, ele tem de ser conduzido para cima, de modo natural, devido à espécie de sua própria constituição.
Essa é, portanto, a diferença, que muitas vezes vos ocasiona dificuldades na vontade de compreender, porque não tivestes clareza, e a imagem disso por essa razão permaneceu turva.
Na realidade, no ser humano somente entra em cogitação o espírito. Todas as outras denominações se orientam simplesmente de acordo com os invólucros que ele traz.
O espírito é tudo, é o essencial; portanto, o ser humano. Trazendo com outros invólucros também o invólucro terreno, então se chama ser humano terreno; abandonando o invólucro terreno é considerado então pelos seres humanos terrenos como alma; abandonando ainda os invólucros delicados, então ele permanece unicamente espírito, que sempre foi em sua espécie.
As diversas denominações orientam-se, portanto, simplesmente de acordo com a espécie dos invólucros, os quais nada poderiam ser sem o espírito que os incandesce.
Nos animais é um pouco diferente, pois estes têm em si algo de enteal como alma, cuja espécie os seres humanos não possuem!
Talvez por isso tenham se originado tantos erros, por pensarem os seres humanos que os animais também têm uma alma, a qual lhes permite agir. Por essa razão, no ser humano, que além da alma tem espírito, espírito e alma tinham de ser algo distinto e talvez até poder atuar separadamente.
Isso, porém, é errado, pois da espécie da alma animal o ser humano nada tem em si. No ser humano unicamente o espírito incandesce todos os invólucros, até mesmo quando está emuralhado e atado. Na algemação do espírito pelo raciocínio, o calor vivificador do espírito é dirigido para trilhas erradas, que o espírito não deformado jamais escolheria, se lhe tivesse sido deixado mão livre.
Mas sobre todas as torções e erros dos seres humanos a Mensagem dá esclarecimento nítido; antes de tudo, sobre como o ser humano tem de pensar e proceder, se quiser atingir as alturas luminosas.
Hoje apenas se faz mister esclarecer mais uma vez a expressão “alma”, para que o pensar errado sobre isso possa chegar a um fim.
O melhor para vós, seres humanos, seria se eu prosseguisse nisso mais um passo, dizendo-vos que apenas o animal tem uma alma, que o conduz. O ser humano, porém, tem espírito!
Com isso a diferença fica exatamente marcada e de maneira certa.
Se até agora ainda utilizei a expressão alma, foi só porque ela está arraigada em vós tão firmemente, que tão depressa não podeis deixá-la.
Agora, porém, vejo que isso somente faz com que os erros continuem, se eu não fizer um profundo corte de separação nisso. Portanto, gravai firmemente em vós como base para todos os tempos:
O animal tem alma, mas o ser humano tem espírito!
Está certo assim, mesmo que agora vos pareça estranho, porque decantastes a alma tantas vezes. Mas, acreditai-me, é somente o fato de estardes amarrados à expressão conhecida que vos faz surgir um sentimento elevado ante a palavra alma, como conseqüência dos cânticos que sempre procurastes tecer em volta da expressão alma.
Em lugar disso decantai, pois, o espírito, e logo essa expressão surgirá resplandecentemente diante de vós, muito mais clara e mais pura do que a expressão alma jamais poderia transmitir.
Acostumai-vos a isso e então também tereis avançado mais um passo no saber que conduz à Verdade!
Porém, unicamente como base para vosso pensar, deveis trazer agora essa diferença conscientemente dentro de vós. De resto, podereis continuar com a expressão alma também para os seres humanos, uma vez que para vós seria muito difícil, de outro modo, manter corretamente separados os degraus indispensáveis ao desenvolvimento.
A alma é o espírito já desligado da matéria grosseira, com invólucros fino-materiais e também enteais.
Ele tem de permanecer para a vossa conceituação tanto tempo alma, até tirar de si o último invólucro e estar apto a entrar, como sendo somente espiritual, no reino espiritual.
Se tiverdes isso assim dentro de vós, então a expressão alma também pode ser utilizada e mantida em relação aos seres humanos.
Melhor seria se colocásseis o curso evolutivo do germe espiritual nas três divisões:
Ser humano terreno – Alma humana – Espírito humano!
Enquanto tiverdes o conceito certo disso, pode passar, do contrário, porém, não seria aconselhável, porque de fato somente o animal tem uma “alma” no mais verdadeiro sentido. Uma alma que é algo por si só! O ser humano, porém, não tem, além do espírito, uma alma autônoma por si.
Mas, com relação aos seres humanos, não fica bem dizer, ao invés de alma: o espírito com invólucros, tampouco o espírito envolto ou, mais tarde, o espírito sem invólucro, o espírito descoberto.
Isso em si seria certo, mas demasiado complicado para a formação de um conceito.
Por isso conservemos o de até agora, como também já o fez Jesus, quando falava de alma. Compreendereis agora muito melhor ainda a sua indicação de que a alma tem de se desligar, pois desligar a alma outra coisa não quer dizer do que abandonar os invólucros ainda existentes, que retêm o espírito e, assim, livrá-lo do peso deles, para que o espírito possa, então libertado disso, prosseguir na ascensão.
Contudo, para os seres humanos terrenos de outrora ele não podia falar assim intelectivamente, tinha de expressar-se mais simplesmente e por isso conservar a maneira e o modo habituais.
Também hoje ainda pode permanecer assim, contanto que saibais exatamente os verdadeiros fatos.
Gravai bem em vós:
O animal tem alma, mas o ser humano tem espírito!